Principal funcionário da ONU para questão climática pede demissão
"Foi uma decisão difícil, mas acredito que era tempo para assumir um novo desafio, trabalhando com clima e sustentabiliade no setor privado e na universidade", disse ele no comunicado.
"Copenhague não nos deu um acordo claro em termos legais, mas o comprometimento político e o senso de direção rumo a um mundo de baixas emissões são irresistíveis. Isso pede novas parcerias com o setor de negócios, e agora eu tenho a chance de fazer isso acontecer." A saída do principal nome da ONU na área ambiental ocorre também em um momento em que o IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, colegiado de especialistas responsável por balizar políticas públicas para lidar com o aquecimento global , é alvo de uma série de acusações de falta de rigor científico. Mas seu coordenador, Rajendra Pachauri, afastou a possibilidade de renúncia.
(Fonte: G1)
Renúncia de Yvo de Boer traz revés para negociações sobre clima
"Foi uma decisão difícil, mas acho que chegou o momento de assumir um novo desafio, trabalhando sobre o clima e a sustentabilidade no setor privado e acadêmico", explicou De Boer por meio de um comunicado nesta quinta-feira (18).
Em princípio, seu cargo não expirava até setembro e ele não tinha dado sinais de que não estivesse disposto a permanecer.
O secretário-executivo afirmou que a partir de julho trabalhará como assessor para a empresa de consultoria alemã KPMG e para algumas universidades.
"Sempre defendi que, embora os governos devam apresentar o marco político necessário, as soluções reais devem provir das empresas", disse em comunicado.
Antes de sua escolha como secretário-executivo da Convenção da ONU para a Mudança Climática, De Boer tinha trabalhado nas políticas ambientais da União Europeia como diretor-geral do Ministério do Meio Ambiente holandês.
Também foi vice-presidente da Comissão da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, onde foi assessor do Governo chinês e do Banco Mundial e trabalhou muito perto do Conselho Mundial Empresarial de Desenvolvimento Sustentável.
Em seu comunicado de despedida, De Boer evita toda crítica ao processo de negociações. Pelo contrário, ele ressalta que, embora não se tenha conseguido na cúpula de Copenhague um compromisso vinculativo, houve uma clara aposta política para um mundo com poucas emissões.
"Copenhague não nos deu um claro acordo em termos legais, mas o compromisso político de buscar um mundo de baixas emissões é irreversível. Isso exige novas cooperações com o setor empresarial e eu devo ajudar nisso", acrescentou.
No entanto, é praticamente impossível não associar sua retirada ao fracasso da cúpula, na qual De Boer ficou relegado a um segundo plano no conflito entre China e Estados Unidos, países que mais obstáculos impuseram.Fracasso? - De Boer tinha apostado em um acordo ambicioso, mas conseguiu apenas a vontade de continuar negociando e alguns sucessos pontuais.
Entre estes modestos resultados, está o compromisso de a comunidade internacional limitar o aquecimento global a 2ºC com relação aos níveis pré-industriais. No entanto, não há um claro objetivo de redução das emissões.
O acordo de Copenhague estabeleceu, além disso, um fundo total de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para os países mais vulneráveis a enfrentar os efeitos da mudança climática, e de US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para redução das emissões e adaptação.
Por enquanto, no entanto, os países ainda não definiram como, quanto e quando devem destinar suas respectivas verbas.
Há cerca de um mês, De Boer pediu aos países industrializados a reservar suas respectivas verbas orçamentárias para este fim, destacou a Comissão Europeia.
O secretário-executivo prometeu hoje que, até abandonar o cargo, continuará com os preparativos para a próxima cúpula de Cancún, no México, no final de novembro, reunião que será precedida por uma conferência ministerial em Bonn (Alemanha) no final de maio.
O fato de que restem apenas cinco meses a seu sucessor para dar impulso final às negociações não aumenta precisamente as expectativas para Cancún. Antes mesmo de começar, a cúpula já tem poucas promessas de êxito, a julgar pelo próprio De Boer, que recentemente previu poucas chances de um tratado vinculativo.
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