Fonte: O dia-Online
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Catástrofe muda geografia de cidades da Região Serrana
Localidades inteiras foram soterradas por lama no município de Teresópolis. No bairro Caleme, uma represa da Cedae transbordou por causa da tromba d’água, provocando o deslizamento de encostas sobre casas e carros. Em Nova Friburgo, três bombeiros que seguiam para resgatar vítimas quando o carro onde estavam foi soterrado por uma avalanche.Petrópolis também sofreu devastação em diferentes pontos. O Distrito de Itaipava foi o mais atingido. O soterramento de uma casa na localidade Vale do Cuiabá matou 12 pessoas de uma mesma família. Corpos foram recolhidos por moradores e depositados às margens de um rio à espera de resgate. Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, também cidades da região, também contabilizam mortos.
Será feito novo mapa com alteração de cursos de rios, córregos e áreas que serão desabitadas
Rio - Além da tragédia na vida da população, o impacto das chuvas mudou também a geografia da Região Serrana. Há uma semana, especialistas começaram estudos sobre as mudanças no meio ambiente causadas pelas enxurradas. Antes de concluírem a avaliação, já têm uma certeza: em algumas áreas, o dano é irreparável.
As prefeituras das cidades atingidas informaram ontem que o número de mortos na catástrofe chegou a 704 e que no município de Bom Jardim foi encontrado o primeiro corpo.
Em Cruzeiro, distrito de Teresópolis, o que antes era um córrego se transformou em rio
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
“Tenho sobrevoado as cidades diariamente e o impacto foi grande. Alguns lugares me chocaram muito. Os leitos dos rios foram assoreados e estão correndo em outras áreas, diferentes do original. Parte das encostas desbancou consideravelmente. Isso mudou parte da geografia e da paisagem da região, o que não tem volta”, avaliou o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.
“Fiquei chocado, desceu a encosta toda. Mudou a paisagem e não sei onde minha casa foi parar. Quem está destruído sou eu”, desabafou o pedreiro Francisco Sales, morador do Salgueiro, em Teresópolis.
Desde o início da catástrofe, engenheiros e técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) percorrem as áreas atingidas pelas chuvas em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, fazendo estudos e medições do impacto ambiental. Os dados coletados em terra e através de imagens aéreas farão parte de grande mapeamento da região. As projeções devem ser concluídas em dois meses.
De acordo com Minc, três grandes problemas já foram detectados: a devastação das árvores em boa parte das encostas, o que vai requerer grande reflorestamento; rios entupidos por entulhos; troncos de árvores e veículos, e a perda de fundo de fertilização, ou seja, recursos orgânicos essenciais para a agricultura. “Isso pode gerar impacto até na economia dos municípios. Vamos tentar avaliar a qualidade da terra no fundo dos rios, por exemplo, para tentar aproveitar o material orgânico para a agricultura”, disse.
A força da natureza, que varreu do mapa povoados e pequenas comunidades, pode ter provocado também mudanças demográficas, já que nas áreas devastadas não poderão mais ser feitas construções. “Seria irresponsabilidade reconstruir (casas) no mesmo lugar porque iriam cair. Pequenas populações serão deslocadas. Mudanças naturais levam anos, a natureza não é estática. Mas o ruim é quando a mudança acontece e estamos no meio”, ressaltou.
Região Serrana enfrenta a pior catástrofe de sua história
Castigada por um temporal que fez chover em 24 horas mais do que era esperado para todo o mês, a Região Serrana do Rio enfrenta desde a noite da terça-feira 11 de janeiro a pior catástrofe natural do Brasil. Com o número de mortos, desabrigados, desalojados, feridos e desaparecidos, a tragédia já superou o registrado em janeiro do ano passado, em Angra dos Reis e, em abril, na capital e Niterói.
Fonte: O dia-Online
Postado por Joélcio Pinto em 19.1.11
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